- Programa
- Para o seu centésimo espectáculo a CTB decidiu voltar a um texto do realismo alemão. Agora sem pretensão de mudar o Mundo através do teatro, mas afirmando, no contexto da criação artística, a posição da Companhia de não abdicar de ver e dar testemunho da Vida que nos rodeia.Terça a Quinta
21:30Pequeno Auditório
M12
10 €Cartão Quadrilátero
5 €Este Concerto “à la Carte” é um olhar frio, concreto, real até aos ossos, da vida vivida por cada vez mais mulheres em cada cidade. É a comédia social ao contrário. Se até aos anos setenta a tese era que o casamento seria uma invenção da burguesia e da classe dirigente para manter a fortuna e o património no seio da família e confiado aos herdeiros. Hoje, essa falsa moral ruiu e sobre a pressão do neo-liberalismo, a mulher é cada vez mais colocada entre o mercado da precariedade generalizada, com retorno à ideologia do casamento numa perspectiva de sobrevivência económica. Uma moral modernizada. Mas a realidade é cada dia mais cruel, depois dos preconceitos da dominação masculina, temos dois mercados cada vez mais competitivos: o do trabalho e o do casamento. E a mulher cada dia mais só. Por opção, dolorosa, por abandono, por razões a cada passo mais fortes e dramáticas. Há cada vez mais a Rua como espaço de espectáculo da dignidade que se quer manter e a casa, o dentro de casa, o interior, como espaço prisão que garante a Liberdade para que nos possamos despir dessa farda social. E aí, nesse “teatro” a solidão, a crueldade da vida, torna-nos fantoches de nós mesmos. Mesquinhos e miseráveis. Inúteis e indiferenciados. Somos afinal aquilo que o neo-liberalismo quis fazer de nós: números, cabeças enredadas numa única luta: a sobrevivência a qualquer custo. Concerto “à la Carte” é a vidinha duma senhora, igual a tantas que moram no apartamento ao lado, que se cruzam connosco no supermercado, a quem olhamos sem ver e que morrem sem sabermos e sem elas mesmas darem por isso.Não contam, fazem parte da estatística para a Europa, mas são apenas números.É de facto uma comédia social ao contrário. É um espectáculo de risco. É um espectáculo de compromisso, de postura artística e ética sobre o nosso tempo. É uma performance de actriz. De uma grande actriz que, mais uma vez escolheu o caminho mais difícil. Afinal o caminho da Companhia de Teatro de Braga.Mas é também uma Homenagem a todas as Mulheres que não são acontecimento.Rui MadeiraAutor: Franz Xaver Kroetz | Tradução: Maria Adélia Silva Melo | Encenação: Rui Madeira | Elenco: Ana Bustorff | Assistentes de encenação: Frederico Bustorff Madeira, Solange Sá | Cenografia e design gráfico: Carlos Sampaio | Figurinos: Sílvia Alves | Desenho de luz: Fred Rompante | Desenho de som: Pedro Pinto | Fotografia: Paulo NogueiraDuração prevista: 1h30
Terça a Quinta
21:30
21:30
Pequeno Auditório
M12
10 €
M12
10 €
Cartão Quadrilátero
5 €
5 €
Para o seu centésimo espectáculo a CTB decidiu voltar a um
texto do realismo alemão. Agora sem pretensão de mudar o Mundo através do
teatro, mas afirmando, no contexto da criação artística, a posição da Companhia
de não abdicar de ver e dar testemunho da Vida que nos rodeia.
Este Concerto “à la Carte” é um olhar
frio, concreto, real até aos ossos, da vida vivida por cada vez mais mulheres
em cada cidade. É a comédia social ao contrário. Se até aos anos setenta a tese
era que o casamento seria uma invenção da burguesia e da classe dirigente para
manter a fortuna e o património no seio da família e confiado aos herdeiros.
Hoje, essa falsa moral ruiu e sobre a pressão do neo-liberalismo, a mulher é
cada vez mais colocada entre o mercado da precariedade generalizada, com
retorno à ideologia do casamento numa perspectiva de sobrevivência económica.
Uma moral modernizada. Mas a realidade é cada dia mais cruel, depois dos
preconceitos da dominação masculina, temos dois mercados cada vez mais
competitivos: o do trabalho e o do casamento. E a mulher cada dia mais só. Por
opção, dolorosa, por abandono, por razões a cada passo mais fortes e
dramáticas. Há cada vez mais a Rua como espaço de espectáculo da dignidade que
se quer manter e a casa, o dentro de casa, o interior, como espaço prisão que
garante a Liberdade para que nos possamos despir dessa farda social. E aí,
nesse “teatro” a solidão, a crueldade da vida, torna-nos fantoches de nós
mesmos. Mesquinhos e miseráveis. Inúteis e indiferenciados. Somos afinal aquilo
que o neo-liberalismo quis fazer de nós: números, cabeças enredadas numa única
luta: a sobrevivência a qualquer custo. Concerto “à la Carte” é a
vidinha duma senhora, igual a tantas que moram no apartamento ao lado, que se
cruzam connosco no supermercado, a quem olhamos sem ver e que morrem sem
sabermos e sem elas mesmas darem por isso.
Não contam, fazem parte da estatística para a Europa, mas
são apenas números.
É de facto uma comédia social ao contrário. É um
espectáculo de risco. É um espectáculo de compromisso, de postura artística e
ética sobre o nosso tempo. É uma performance de actriz. De uma grande actriz
que, mais uma vez escolheu o caminho mais difícil. Afinal o caminho da
Companhia de Teatro de Braga.
Mas é também uma Homenagem a todas as Mulheres que não
são acontecimento.
Rui Madeira
Autor: Franz Xaver
Kroetz | Tradução: Maria
Adélia Silva Melo | Encenação: Rui
Madeira | Elenco: Ana
Bustorff | Assistentes de
encenação: Frederico Bustorff Madeira, Solange Sá | Cenografia e
design gráfico: Carlos Sampaio | Figurinos: Sílvia
Alves | Desenho de luz: Fred Rompante | Desenho de som: Pedro Pinto | Fotografia: Paulo
Nogueira
Duração prevista: 1h30
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