- Programa
- Sexta - 21:30
Sábado - 21:30Sala Principal
M12
12€Cartão Quadrilátero
6€Maximo Gorki | Nuno Cardoso
'Não conhecemos ninguém que seja feliz.'
A certa altura, no meio de uma das infindáveis tardes que pontuam 'Os Veraneantes', Kaleria, poetisa putativa, deixa cair esta frase que quebra os limites em que se movimentam as personagens e chega à plateia, a nós, com a força sibilina de um desabafo ouvido ao parceiro do lado. Assim fica ligado um Verão perdido no início do século, um lugar incerto onde quatro famílias passam, como de costume, as suas férias e o nosso presente vivido num mundo aparentemente diverso e distante.
O clima social e político ominoso que espreita estes veraneantes para lá do horizonte em que vivem cria as condições perfeitas para que do torpor do lazer irrompa a tempestade perfeita de aborrecimento, frustração, medo e ciúme. E é no meio dessa tempestade, do jogo de forças que se desencadeia entre as personagens, que se pinta um quadro rasteiro das aspirações do homem, num imenso coral à pequenez e ao desencanto.
Do advogado insensível à mulher, da mulher que anseia por uma saída ao irmão imóvel na sua cobardia. Do avarento traído pela mulher, da mulher que faz da devassidão uma ode ao desespero, ao amante que assume a sua condição como suicídio moral. Do escritor desiludido que foge à confrontação com o seu próprio falhanço, do velho generoso que não encontra na família o porto de abrigo, à mulher que não consegue ultrapassar o seu medo para ser feliz. De um início aparente normal até a um fim abrupto e desesperançado, 'os veraneantes' criam uma imensa tapeçaria de desejo e frustração que autopsia, então e agora, a nossa impotência perante o desenrolar da vida a caminho de um futuro assustador e frio para lá do presente estival.
Com esta peça, Gorki revisita o spleen tcheckoviano pelo qual a AO CABO passou em 'A Gaivota' e em 'As Três Irmãs', levando-nos a estabelecer a ponte programática que permite retomar um nosso périplo pelo reportório da dramaturgia russa.
Quatro anos depois de 'As Três Irmãs', voltamos ao universo das irmãs Prozorov e de Treplev, mas se nestas inesquecíveis personagens de Tchéckhov ainda se adivinhava a esperança de um amanhã, uma possibilidade de redenção prometida pelas novas formas, nas suas herdeiras criadas por Gorki assistimos simplesmente a uma confissão: 'Não conhecemos ninguém que seja feliz'.
Eulogia de um futuro, seja ele qual for.
Encenação: Nuno Cardoso | Tradução: António Pescada | Elenco: Dinarte Branco, Afonso Santos, António Parra, Carolina Amaral, Cristina Carvalhal, Íris Cayatte, João Melo, Joana Carvalho, Maria João Pinho, Margarida Carvalho, Mário Santos, Nuno Nunes, Pedro Frias, Rodrigo Santos, Sérgio Sá Cunha | Assistência de encenação e movimento: Marco da Silva Ferreira | Cenografia: F Ribeiro | Desenho de luz: José Álvaro Correia | Figurinos: Nuno Cardoso | Música e sonoplastia: Pedro Lima | Produção: Sandra Carneiro e Pedro Jordão | Coprodução: Teatro Nacional São João, Teatro Nacional Dona Maria II, Centro Cultural Vila Flor |Ao Cabo Teatro é uma estrutura apoiada pela DG Artes/República Portuguesa
- DESCONTOS
50 % no preço do bilhete
Cartão Quadrilátero
20 % no preço do bilhete
Maiores de 65 anos
Cartão Municipal de famílias numerosas
Deficientes e Acompanhante
Cartão Jovem e Estudantes
Crianças até 12 anos
Sábado - 21:30
M12
12€
6€
Maximo Gorki | Nuno Cardoso
'Não conhecemos ninguém que seja feliz.'
A certa altura, no meio de uma das infindáveis tardes que pontuam 'Os Veraneantes', Kaleria, poetisa putativa, deixa cair esta frase que quebra os limites em que se movimentam as personagens e chega à plateia, a nós, com a força sibilina de um desabafo ouvido ao parceiro do lado. Assim fica ligado um Verão perdido no início do século, um lugar incerto onde quatro famílias passam, como de costume, as suas férias e o nosso presente vivido num mundo aparentemente diverso e distante.
O clima social e político ominoso que espreita estes veraneantes para lá do horizonte em que vivem cria as condições perfeitas para que do torpor do lazer irrompa a tempestade perfeita de aborrecimento, frustração, medo e ciúme. E é no meio dessa tempestade, do jogo de forças que se desencadeia entre as personagens, que se pinta um quadro rasteiro das aspirações do homem, num imenso coral à pequenez e ao desencanto.
Do advogado insensível à mulher, da mulher que anseia por uma saída ao irmão imóvel na sua cobardia. Do avarento traído pela mulher, da mulher que faz da devassidão uma ode ao desespero, ao amante que assume a sua condição como suicídio moral. Do escritor desiludido que foge à confrontação com o seu próprio falhanço, do velho generoso que não encontra na família o porto de abrigo, à mulher que não consegue ultrapassar o seu medo para ser feliz. De um início aparente normal até a um fim abrupto e desesperançado, 'os veraneantes' criam uma imensa tapeçaria de desejo e frustração que autopsia, então e agora, a nossa impotência perante o desenrolar da vida a caminho de um futuro assustador e frio para lá do presente estival.
Com esta peça, Gorki revisita o spleen tcheckoviano pelo qual a AO CABO passou em 'A Gaivota' e em 'As Três Irmãs', levando-nos a estabelecer a ponte programática que permite retomar um nosso périplo pelo reportório da dramaturgia russa.
Quatro anos depois de 'As Três Irmãs', voltamos ao universo das irmãs Prozorov e de Treplev, mas se nestas inesquecíveis personagens de Tchéckhov ainda se adivinhava a esperança de um amanhã, uma possibilidade de redenção prometida pelas novas formas, nas suas herdeiras criadas por Gorki assistimos simplesmente a uma confissão: 'Não conhecemos ninguém que seja feliz'.
Eulogia de um futuro, seja ele qual for.
Encenação: Nuno Cardoso | Tradução: António Pescada | Elenco: Dinarte Branco, Afonso Santos, António Parra, Carolina Amaral, Cristina Carvalhal, Íris Cayatte, João Melo, Joana Carvalho, Maria João Pinho, Margarida Carvalho, Mário Santos, Nuno Nunes, Pedro Frias, Rodrigo Santos, Sérgio Sá Cunha | Assistência de encenação e movimento: Marco da Silva Ferreira | Cenografia: F Ribeiro | Desenho de luz: José Álvaro Correia | Figurinos: Nuno Cardoso | Música e sonoplastia: Pedro Lima | Produção: Sandra Carneiro e Pedro Jordão | Coprodução: Teatro Nacional São João, Teatro Nacional Dona Maria II, Centro Cultural Vila Flor |Ao Cabo Teatro é uma estrutura apoiada pela DG Artes/República Portuguesa
50 % no preço do bilhete
Cartão Quadrilátero
20 % no preço do bilhete
Maiores de 65 anos
Cartão Municipal de famílias numerosas
Deficientes e Acompanhante
Cartão Jovem e Estudantes
Crianças até 12 anos